sexta-feira, 20 de abril de 2012

Projeto “Escolinha de Artes e Tradições Povoense”

Fig. 1- Flores elaboradas durante vários meses.

Respondendo ao pedido de alguns visitantes (os pedidos e sugestões podem ser feitos aqui sob forma de comentários no fim da pág.) deste espaço, apresento um pouco mais da tradição que está na base do projeto da “Escolinha de Artes e Tradições Povoense”.

Contemplar toda a riqueza desta tradição apenas numa página, é uma tarefa impossível dada longevidade, diversidade de factos, acontecimentos, usos e costumes a esta associados. Esse trabalho será realizado de forma mais profunda e a seu tempo, recolhendo minuciosamente todas as informações possíveis junto da comunidade.

Aqui, para aguçar a curiosidade e ancorar este projeto, ficam algumas imagens de uma pequena parte de todo o trabalho outrora desenvolvido. Outrora, porque se nada for feito, será uma tradição a perder pois há já vários anos que as ruas não são engalanadas com as arcadas da Rua de Cima e da Rua de Baixo.
A Tradição:
Fig.2 - Trabalho na ornamentação dos arcos.
Resumidamente, esta tradição tem a sua origem em torno da festa dedicada à padroeira da Póvoa da Lomba, Nª Sª das Neves, que decorre nesta localidade nos dias que antecedem e sucedem o 5 de agosto de cada ano.
Vários meses antes desta data, eram montadas oficinas em casa de quem por dedicação cedesse um pequeno espaço, para ali se passarem serões e tardes de fim-de-semana a trabalhar nas flores de papel  que viriam a enfeitar as arcadas da festa anual.
Das mãos dos mais experientes, saiam os moldes das mais belas flores e as ideias que iriam marcar a diferença no despique com a rua adversária.

Sim, despique, porque o confronto anual e a eleição popular  da rua mais bela, foi marcando e acentuando saudáveis rivalidades que até hoje se mantêm. Assim, cada rua primava pela qualidade, diversidade e beleza dos trabalhos a apresentar em cada ano que passava.
Na noite de 4 para 5 de agosto ninguém dormia. Todos participavam, uns na decoração dos arcos, outros na colocação dos latões para segurar as arcadas, outos ainda na colocação dos arcos pelas ruas, colaboravam na iluminação que dava um toque final  ao trabalho e havia ainda quem não esquecesse o bolo caseiro e o café, que chegava durante toda a noite para manter bem acordados aqueles que por “magia” transformavam a nossa terra num lugar de beleza sem igual.
Fig. 3 - Arco já decorado.

 
Na manhã de dia 5 as ruas acordavam com nova vida, um jardim de flores de papel tinha sido ali plantado para dar cor e brilho durante os 5 (+-) dias em que decorriam os festejos.
Fig.4 - Montagem final na rua, vista noturna.

A juntar a esta magia ,temos para recordar  as técnicas de trabalho tradicionais desenvolvidas e aperfeiçoadas ao longo de várias décadas:

  • Flores trabalhadas livremente ou com molde, elaboradas em papel de seda, crepe, cartolina e arame.
  • Cordas elaboradas com cordão, papel de seda e cola de farinha.
  • Balões de ornamentação central das arcadas em papel de seda.
  • E muito mais…


Fig. 5 - Flores elaboradas minuciosamente.

Fig. 6 - Diversidade de flores.

Fig. 7 - Perfeição no trabalho realizado.
Nesta pequena amostra está o trabalho realizado pela Rua de Baixo há mais ou menos 15 anos. Um trabalho no qual eu me orgulho de ter participado e o qual espero poder testemunhar com este projeto.
No desenvolvimento deste projeto, terei oportunidade de mostrar os trabalhos realizados pela Rua de Cima.
Contextualizada que está a iniciativa, há agora a  planificação e delineação do projeto, a implementação e posterior avaliação. Estas são as partes que vão ter lugar de destaque neste espaço, para partilha de experiências e resultados.
Até lá.

4 comentários:

  1. Sabes, Samuel, este poderá ser o mote para a nossa parceria! A minha equipa de trabalho gostaria de ter uma festa tradicional na altura dos Santos Populares, mas podemos ir mais além e facilitar que todos se envolvam na própria realização, isto é, nas atividades de preparação e na produção da decoração. Podemos também criar a oportunidade para que durante a festa as pessoas possam dinamizar tendinhas de artesanato, participar em marchas populares, organizar uma quermesse, o que quiserem partilhar. Desta forma a festa terá maior significado para as pessoas. O que achas da ideia de realizares uma oficina de arte e tradição connosco? Esta poderá ser impulsionadora deste projeto. O que te parece?

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    1. Olá Ana!
      Terei todo o gosto em juntar este conhecimento que adquiri num contexto informal com os desejos da equipa com quem colaboras e dinamizar uma oficina onde a aprendizagem ao longo da vida seja o ponto forte. Por um lado, o que poderei partilhar é isso mesmo, experiências de uma aprendizagem que realizei nos meus anos e juventude por outro, porque é com este objetivo que entendo a dinamização destas oficinas. Penso não estar enganado neste objetivo?
      Vamos ao trabalho.
      Contem comigo.

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  2. Olá :) O objetivo é esse, sim. Ainda bem que estás pronto para partilhar o teu saber e experiência. Vamos lá!

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    1. Olá! Vamos a isso. É só marcar datas e preparar os materiais.

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